Nesse post vou mostrar como foi visita a Cape Point e ao Cabo da Boa Esperança, uma continuação do terceiro dia em Cape Town. No post anterior, parte 1, eu falei sobre as primeiras atrações do dia – a praia de Hout Bay e a estrada Champan’s Peak Drive, e também sobre Boulders, a praia dos pinguins, que foi visitada na volta, logo que saímos de Cape Point. No post seguinte, parte 3, eu falo sobre a degustação de vinhos na vinícola Groot Constantia que também aconteceu neste dia.

A caminho de Cape Point

 

 

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Para chegar em Cape Point foi preciso dirigir aproximadamente 20 km a partir do fim da estrada Chapman’s Peak Drive, num caminho pela costa oeste da península através da rodovia M4, passando pelos distritos de Fish Hoek, Simon’s Town e pela praia de Boulders. Ao longo do trajeto as paisagens são muito bonitas, principalmente após Boulders, quando a estrada entra na encosta de uma cadeia montanhosa. Há alguns estacionamentos ao longo do caminho onde é possível parar para curtir a vista dos mirantes. Paramos no último deles, antes de uma curva acentuada à direita quase na chegada ao portão de entrada de Cape Point. Ali já deu pra ter uma ótima noção das paisagens que ainda teríamos pela frente.

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Na estrada

 

Parada num mirante, antes de chegar em Cape Point

 

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Um pouco mais à frente, no ponto onde a rodovia M4 (Main Road) se transforma em M65 (Plateau Road) está a estrada de acessso ao principal portão de entrada de Cape Point. Ali deve-se comprar o bilhete de entrada, que para um adulto custa 80 rands (aprox. R$20,00). É essencial também solicitar um mapa da região, pois há várias pequenas estradas ao longo do caminho e pode ser fácil de se perder. Mas quem tem GPS no carro consegue se deslocar pelo local sem problemas. Até chegar às atrações principais ainda leva uns 15 minutos e ao longo do caminho é possível encontrar alguns animais soltos pela mata. Neste dia vimos apenas avestruzes, mas já li relatos de pessoas que encontraram muitos babuínos e até grandes cobras.

Cape Point é uma grande área que fica bem na ponta da Península do Cabo, a mais de 40 km da região central da Cidade do Cabo. Ao contrário que muitos pensam, ele não é o ponto mais ao sul do continente africano, e sim o ponto extremo a sudoeste da África do Sul. Na verdade, o ponto mais ao sul da África é Cape Agulhas, localizado a mais de 150 km da Península do Cabo.

A grande reserva natural na qual o Cape Point se encontra faz parte do Table Mountain National Park, uma região considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, com mais de 7 750 hectares e centenas de espécies de plantas e animais. Com grandes falésias a mais de 200 metros acima do nível do mar e dezenas de praias imensas e intocáveis, a região de Cape Point atrai milhares de visitantes não só por suas belezas naturais, mas também por sua importância na história da navegação, sendo um importante ponto no meio do caminho na rota entre a Europa e a Ásia.

Este é o local que o português Bartolomeu Dias considerou como “O Cabo das Tormentas”, em 1488. De dia as montanhas serviam como um ponto de referência e marco para a navegação, mas durante as noites e os fortes nevoeiros se tornava uma verdadeira ameaça constante aos navegadores com suas tempestades violentas e rochas perigosas, que causaram dezenas de naufrágios na região ao longo dos últimos séculos. Uma década depois, Vasco da Gama navegou no mesmo caminho, abrindo uma nova rota comercia entre a Europa e a costa da África, Índia e Extremo Oriente. Um explorador português chamado João II deu uma nova denominação ao local, o Cabo da Boa Esperança, por causa do grande otimismo gerado para o desenvolvimento do comércio na Europa com a abertura dessa nova rota marítima.

Em Cape Point há duas atrações principais a serem visitadas. A primeira delas é o local onde encontra-se a famosa placa do Cabo da Boa Esperança. Para acessa-la, é preciso virar numa bifurcação em que há uma uma sinalização indicando: Cape Point e farol à esquerda e Cabo da Boa Esperança à direita.


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A placa do Cabo da Boa Esperança está na beira da praia, cercada por muitas pedras, uma extensa praia e um visual incrível. Possui as coordenadas geográficas do ponto e está escrita em duas línguas: inglês (Cape of Hood Hope) e afrikaans (Kaap Die Goeie Hoop). Muita gente chega no local, bate uma foto rápida e depois já vai embora. Mas o legal mesmo é ficar ali um tempo, curtir o visual, caminhar pelas pedras e viajar na imaginação, pensando nos naufrágios e toda importância histórica do local. Chegou um determinado momento em que não havia ninguém no local além da gente. Foi uma sensação boa mas ao mesmo tempo estranha, parecia que estávamos no fim do mundo. Tivemos que esperar uns 5 minutos até chegar uma van com turistas, para que pudéssemos pedir para alguém tirar uma foto nossa juntos na placa.

É bom lembrar que esta é uma região com ventos extremamente fortes. Neste dia a temperatura era de 15 graus, mas a sensação térmica era bem próxima de zero, pois os ventos sopravam a 50 km/h com rajadas que de até 70 km/h. Nesse vídeo que precede as fotos dá pra ter uma boa noção de como estava ventando no local…
















Um pouco depois voltamos pelo mesmo caminho e seguimos em direção ao lado esquerdo da bifurcação, rumo a Cape Point, o ponto mais extremo onde está localizado o principal farol. É lá que ocorre a maior parte da visita e onde há a maior concentração de pessoas. O local possui um grande estacionamento, um ótimo restaurante e também uma loja de conveniências.

O primeiro farol foi construído no local em 1859 e está a 249 metros acima do nível do mar, quase no ponto extremo da península. Um novo farol foi construído em 1914 e é considerado o mais poderoso da costa sul-africana. O acesso até a área onde se encontra o farol pode ser feito de duas maneiras: a pé por uma trilha ou através do Flying Dutchman Funicular, um trem funicular que leva os visitantes ao alto de uma montanha, num trajeto de 585 metros que dura em torno de 3 minutos. São dois vagões que se revezam no transporte, com capacidade de 40 passageiros cada um. Para utilizar o funicular é preciso pagar XX para ida e volta ou XX para o deslocamento em apenas um dos sentidos. A estação inferior está localizada junto ao estacionamento principal, entre o restaurante e a loja de souvenirs.

Mesmo quem sobe a montanha pelo trem ainda precisa subir vários lances de escada até chegar ao topo, no local onde se encontra o farol e onde se tem a visão completa do ponto extremo da Península do Cabo. Lá também há placas indicando a distância do ponto às principais cidades do planeta, incluindo o Rio de Janeiro. Há vários mirantes distribuídos ao longo das escadas, muitos deles praticamente a beira de abismos. Para onde quer que se olhe, a vista vai ser sempre maravilhosa.









O ponto extremo de Cape Point

 




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Subimos e descemos pelo trem funicular, para poupar tempo e energia para o resto do dia. Após a descida, aproveitamos para almoçar no Two Oceans Restaurant, um ótimo restaurante localizado no alto da montanha, ao lado do estacionamento e da estação inferior do funicular. O preço é acessível, o atendimento bom e a comida excelente. O restaurante possui uma área aberta, bem na encosta da montanha, mas nesse dia como ventava muito a parte externa estava fechada. Valeu muito a pena almoçar por ali, afinal não é todo dia que se tem a oportunidade de estar num restaurante num local tão extremo quanto Cape Point.

Vsta do restaurante Two Oceans

 

Ao longo de todo o caminho encontramos diversas placas alertando da presença de babuínos, um animal tipicamente africano encontrado em abundância na região. As placas alertam as pessoas para que não alimentem os babuínos em hipótese alguma, pois eles são animais selvagens e podem se tornar extremamente perigosos, principalmente quando há comida por perto. Não se deve comer ou carregar alimentos próximos a babuínos, pois eles podem ser atraídos pelo cheiro e atacar qualquer pessoa. O risco é tanto que ao redor do restaurante Two Oceans há várias cercas elétricas para impedir a entrada desses bichos.

Eu estava bem curioso para ver algum babuíno, pois até então só o conhecia por fotos e pela fama de perigoso. O único que eu havia visto estava em forma de estátua, junto ao estacionamento de Cape Point. Saímos do Table Mountain National Park sem avisar um babuíno sequer e seguimos rumo à nossa próxima parada, a praia dos pinguins. Mas no meio do caminho tivemos uma grande surpresa.

Logo que pegamos a rodovia M4 rumo a Boulders, havia um grande congestionamento, vários carros parados no meio da estrada. A princípio achamos que era algum acidente, mas depois descobrir o verdadeiro motivo: havia pelo menos uns 20 babuínos passeando pela estrada, exatamente no mirante onde havíamos parado durante a ida para tirar umas fotos. Eles estavam fazendo a festa, espalhados por todos os lugares, no meio da estrada, no acostamento, no estacionamento, em cima de carros, subindo a montanha. Eram vários deles e pareciam não se incomodar com a presença das pessoas. Muita gente saiu dos carros para bater fotos bem de perto. Não tivemos essa coragem, até porque havia comida dentro do nosso carro, por isso deixamos os vidros bem fechados. Mas ficamos ali pelo menos uns 10 minutos curtindo a divertida festa que os babuínos estavam fazendo.














Cape Point / Cabo da Boa Esperança
GPS: Cape Point = 34˚21’24″S e 18˚29’51″E. Cape of Good Hope = 34˚21’29″S e 18˚28’19″E.
Horários: De outubro à março, das 6h às 18h. De abril a setembro, das 7h às 17h.
Entrada adulto: 80 rands (R$20,00).
Bilhete funicular: Ida e volta = 45 rands (R$11,25). Somente um trecho = 35 rands (R$8,75).
Site oficial: www.capepoint.co.za

 

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